Um Abismo

quarta-feira, junho 07, 2006

AQUÁRIO

existo para te receber
para que me atravesses sem
escamas e vás ao fundo

na superfície só sinto anzóis:
dentro escapas ao mundo

1 Comments:

  • At 12:56 da tarde, Blogger alice said…

    quando ali me sentava
    os anzóis prendiam as sombras da tarde a ganir com o cio
    se a água do rio ao menos vazasse a prata sem dor
    ou os meus pés fossem canas de pescar sapatos
    mas ali sentada diante do nada
    era lume brando a cozer traições
    e a agonia dos peixes na berma da água
    era o fim dos teus olhos a acabar a tarde
    se ao menos os barcos passassem de véspera pelas ilusões
    ou as redes vazassem sonhos menos fáceis
    mas ali sentada com a alma trocada
    pescava o diabo e as tentações
    ainda que eu cruzasse a solidão entre as pernas
    o cio esganava o brilho da prata caído no chão
    mesmo que os anzóis mordessem a margem
    nunca a rota dos barcos me corrigia a alma
    e ali sentada de pernas cruzadas
    não tinha calçado nem canas de pesca para a solidão

    *

    obrigada pela tua visita

    o teu comentário preocupou-me

    espero que não deixes de escrever

    cada um escreve o que sente

    e isso é único e insubstituível

    um beijinho para ti,

    alice

     

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