Um Abismo

segunda-feira, setembro 18, 2006

(continuação)

n:
vivo na rosa do lado
presa à raiz ornamento
a terra sob os teus pés
entro nas pétalas
lábios que me abres
para que habite um palmo
no teu corpo sangrado

o:
vou construindo o muro
provo as abas do ninho
onde dormem os teus dedos
húmidos no alto da minha carne
___ um bolbo rasgado

p:
estás em casa
depois surge o jardim espalhas
sementes e amarras todos os caules
num ramo só e flui
o sémen flui fluis

estamos perdidos neste lado do campo sem luz

q:
provo da água que te sai e do líquido que me entra no escuro fundo
do corpo chamo-lhe saliva duma língua animal e sabe-me a
fogo porque me fura a casca
nesta paisagem há um cheiro a folhas de louro e símbolos que têm a
intenção de suscitar o prazer do humano
mas agora a verdade é um esqueleto
não passa do osso virtual a roer
enquanto é tempo de sorver o inverno sem rigor
e há escuridão na água que provo um halo de anjo
perverso contrapõe o outro
mais azul seguro

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