- vês? comecei a sentir uma espécie de fogo pegar-me a ponta da saia
e depois a navalha da saudade entre os seios; as tuas mãos a virem
plumas plumas, a lareira ateada, os teus dedos plumas de música, e num pânico,
sabes aquele medo de tecido queimado?,- arranquei tudo até ao lençol
onde se deitavam aquelas papoilas. e agora, aguardo-te
- sabes que sou um fruto que só se deixa cair no tempo certo
- o que é o tempo certo?
- é assim: agarro-te e é porque tenho medo que morras
antes de mim, antes da explosão da minha carne quando chega
à tua, para juntos afagarmos a terra
- e esta nudez sem papoilas, este outono? lança-me o teu sol e canta